Os resíduos de fragmentação, a amálgama de vários materiais que resulta da trituração dos veículos, podem ser usados como matéria-prima para o fabrico de cimento em vez de serem apenas valorizados energeticamente nos fornos das cimenteiras como combustíveis alternativos, tal como acontecia até agora.
Foi isso mesmo que provou um estudo apresentado por um conjunto de cimenteiras e três entidades gestoras – Valorcar, Valorpneu e Sociedade Ponto Verde – que foi apresentado no final de 2014 ao Ministério do Ambiente e à Agência Portuguesa do Ambiente.
“Aguardamos agora que o Ministério do Ambiente decida se valida essa abordagem mista de reciclagem e valorização energética que nós passamos a chamar de co-processamento”, revelou ao Ambiente Online o Director Geral da Valorcar, Ricardo Furtado.
O responsável explica que estes resíduos têm materiais inertes que são importantes para a matriz do cimento e que permitem utilizar menos matéria-prima no fabrico de cimento.
O estudo vem demonstrar que há um contributo importante destes resíduos não só em termos de valorização energética, mas também de reciclagem nessa vertente de matérias primas alternativas.
Esta solução, sublinha Ricardo Furtado, tem impacto directo nas metas de reciclagem a que o país está obrigado, quer a nível dos veículos em fim de vida, quer dos pneus, quer no que diz respeito às embalagens.
“Daí o nosso interesse também nesta abordagem que na prática corresponde ao reconhecimento de algo que está a acontecer todos os dias”, conclui em declarações ao Ambiente Online.
Esta solução encontrada para valorizar os resíduos de fragmentação foi apresentada por Ricardo Furtado durante o Encontro Internacional da Ciência para a Reciclagem que arrancou ontem no Porto e se prolonga até hoje, na Fundação Dr. António Cupertino de Miranda.
Ana Santiago
