O comentário desta semana é influenciado por uma apresentação feita por Xoan Vázquez Mao (secretário da comissão executiva do Eixo Atlântico) na conferência “As Vias do Noroeste” realizada a 11 de Janeiro em Vila Nova de Gaia com a presença de um painel técnico e político verdadeiramente invejável.
A certa altura, Xoan Mao, na sua acutilante apresentação, com duas contas de algibeira demonstra que o investimento em infraestruturas de transportes (nomeadamente na componente ferroviária) trará uma “inversion” positiva. Não sei se pela simplicidade de explicação se por ser uma visão exterior do mesmo problema que espantou a audiência.
Mas o modelo de construção de (auto) estradas em Portugal está de tal maneira encrostado e estigmatizado que, quando nos falam em mais investimento em infraestruturas de transportes, a desconfiança é grande.
Xoan Moa queria então dizer que os transportes (inter-regionais) são fulcrais no desenvolvimento económico das regiões, mais ainda numa região periférica como o eixo noroeste peninsular (ou como ele lhe chamou: a “Testa Atlântica da Europa”).
De facto a disparidade no investimento transportes (nomeadamente na rede de velocidade alta) entre a Galiza e o Norte de Portugal, ou se quisermos no eixo atlântico, que vai desde Aveiro a Corunha (abrangendo cerca de 6 milhões de habitantes), tem sofrido várias revezes ao longo dos sucessivos governos espanhóis e portugueses.
As redes logísticas e as ligações previstas ao resto da europa serão, nos próximos anos, um tema fundamental, não só para o desenvolvimento da infraestrutura (inexistente) mas também para a necessidade da economia local se torna logisticamente competitiva em relação ao resto da europa.
Miguel Pimentel é consultor de mobilidade, Eng. Civil, Mestre em Planeamento de Transportes e Doutorando em Planeamento e Ordenamento do Território na FEUP (CITTA-Centro de Investigação do Território, Transportes e Ambiente).