Editorial João Pedro Costa:"O acordo de Paris começa agora"

16.12.2015

Terminou este sábado, 12 de Dezembro de 2015, a COP21 (21ª Conferência dos Parceiros), e o estado e emergência que se vive em Paris não impediu que fossem dados passos importantes no enfrentar coletivo das alterações climáticas, na sua sede própria, que é as Nações Unidas.

Numa primeira leitura, o Acordo de Paris assume uma relevância tão grande quanto o Protocolo de Quito, assinado em 1997, concretizando os recentes sinais de mudança que intervenções como a do Papa Francisco ou do Presidente Obama tinham anunciado. As várias nações comprometem-se num esforço coletivo para tentar conter a subida da temperatura do planeta a 1,5ºC, para o que será necessário praticamente abandonar os combustíveis fósseis na segunda metade do século.

 

 

Politicamente correto, entra em vigor em 2020, quando nenhum dos atuais governos democráticos estiver em funções; confiando antes que cada país fará o que puder, apoiado em planos climáticos nacionais, revistos a cada cinco anos, pouco mais que a duração aproximada de um governo de uma legislatura.

 

Foi o acordo possível, dirão uns; é um compromisso de futuro e daqui só para melhor, dirão outros; não vincula nada e diante de prioridades mais prementes acabará por ficar para segundo plano, porque o mundo não vai melhorar assim tanto até 2020, dirão terceiros. Logo se verá.

Por agora, importa registar que foi dado um passo importante, que foi o passo possível, pois ninguém acreditaria que num mundo com os problemas geopolíticos, económicos e sociais atuais fosse possível fechar globalmente e de forma alargada metas vinculativas na área ambiental. Cabe-nos, a todos, a partir de hoje, dar volume à bola de neve, que, como sabemos, não se engorda de uma vez, mas um pouco cada dia, à medida que vai rolando.

O acordo de Paris começa agora.

 

João Pedro Costa é o director do Jornal Arquitecturas.

TAGS: editorial , João Pedro Costa , acordo de Paris
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