Comentário Robert Stussi:"SMART crescimento – ou SMART crescimento com limite?"

09.12.2015

Estou outra vez atrasado com o meu blogue. Entretanto já acabou o ‘SMART Cities Exhibition World Congress’, onde participaram uma série de presidentes e vereadores Portugueses – que bom! Embora só consegui vé-los no avião e no autocarro, tantos eram os participantes que não consegui encontra-los, nem com a ajuda do Presidente da CCDR-LVT, João Manuel Pereira Teixeira (que apresentou na sessão ‘Sustainable cities and innovative urban planning’). Na primeira edição há 4 anos fomos só um Português – o famoso Gil Nadais, Presidente de Águeda, e um ‘meio-português’ – eu.

Entretanto, já estamos à meio da COP21! Eu tinha sido convidado para moderar a sessão da Comissária de Transportes Violeta Bulc www.eltis.org/discover/news/bulc-host-flagship-transport-event-cop21), mas como estava  a trabalhar para a mesma Comissão, não me libertaram para ir. 

 

Mas isto levou-me à pensar nos predecessores das COP’s – já agora, alguém se lembra do significado deste acrónimo? “Conference of the Parties “. A primeira teve lugar em Berlin em 1995 e teve como consequência, dois anos mais tarde, o Protocolo de Kyoto. E desde então realizaram-se outras 20 COPs! Podemos parecer inovativos, SMART, mas na verdade não estamos a inventar a roda.

Por exemplo, cada cidade que introduziu a partilha de bicicletas ou de carros nos últimos anos acha que esta na vanguarda! Bem, nos anos sessenta, em Amesterdão, as primeiras bicicletas partilhadas ‘witte muis’ (ratos brancos) foram introduzidos por Luud Schimmelpenninck, não por especialistas de transportes, mas pelo movimento anarquista ‘provos’. Depois, em 1974, quando nos lançamos os cravos vermelhos o Luud lançou, na mesma cidade, o ‘witkar’ (carro branco), o primeiro sistema de carsharing, e isto com veículos eléctricos! (no YouTube há um vídeo delicioso sobre isto www.youtube.com/watch?v=WtbhIWUaRIg - versão original e www.youtube.com/watch?v=X0FEHe9DGT0  - versão modernizada; o Luud, uns 10 anitos maior que eu, ainda está activo nestas coisas!).

 

Bem, nesta altura ainda não se falava de SMART Cities, nem de COPs! No ano do ‘Maio 68’,  Aurelio Peccei, cientifico e industrial, fundou o ‘Clube de Roma’ que, em 1972 publicou ‘The limits of Growth’, traduzido em 30 línguas e vendido em 30 milhões de exemplares! E quando se lançaram as bicicletas brancas e os cravos vermelhos, já tinha sido publicado o segundo relatório ‘Mankind at the Turning Point’.  Este grupo genial, da época do ‘Easy Rider’ (até muitos tinham barba), foi muito contestado e até alguns o titularem de ‘comunista’; mais tarde, o presidente Reagen ‘perseguiu-os’. Parece então que sempre houve ‘ climate skeptics’! Na altura da COM18, em Qatar, Jorgen Randers (Norueguês, do Clube de Roma) publicou “2052″ www.2052.info/.

Enquanto os primeiros relatórios do clube, no essencial, argumentavam que o crescimento populacional e económico são intrinsecamente exponenciais e rebentarão com o globo, este último livro toca numa questão muita complicada: Jorgen diz que os parlamentos, com os seus ciclos políticos curtos, não têm coragem de limitar o crescimento. Mas a culpa também é de quem os elege, que pensam também nos benefícios a curto prazo – e os preços baratos. Jorgen argumenta que é pertinente então repensar como funcionam as democracias.

 

Bem, eu encorajo os leitores à reflectir sobre estas considerações. Entretanto, eu só quero insistir sobre o fato de que há gente que convictamente fizeram a sua luta para salvar o mundo, de maneira que nos e os nossos filhos possam escolher entre estes dois modelos do mundo (fotografia minha)(Fotografia 1).

 

Uma destas pessoas é Michael Cramer (meu contemporâneo), do partido dos verdes da Alemanha e membro do Comité de Transportes e Turismo, do Parlamento Europeu é orgulhosos de ter deixado de ter carro desde 1979 www.michael-cramer.eu/en/home/ e sempre militou pela sustentabilidade (Fotografia 2).

 

Outra é Gianni Silvestrini, coordenador científico do ‘Clube de Kyoto’ da Itália, fundado em 1999 e que reúne centenas de empresas, autarquias e associações. www.kyotoclub.org/. No final dos noventa nos (eu em nome de Sintra) e colegas de outras oito cidades estivemos uma meia dúzia de anos no board de uma rede europeia chamada ‘Car Free Cities network’ (cidades Portuguesas como Beja, Aveiro, Lisboa e poucas mais fizeram parte desta rede). Esta rede, talvez por ter um nome demasiado audacioso, foi transformado mais tarde em ‘Access Cities’ e que depois se transformou num comité dentro das Eurocidades... Num encontro em Palermo http://www.mobydixit.it/ sobre gestão mobilidade reencontrei o meu antigo amigo Gianni, presentemente na COP 21 a lutar pelo futuro (Fotografia 3).

 

Robert Stussi é consultor de mobilidade

TAGS: comentário , Robert Stussi , Smart , crescimento , limite
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