Pergunta provocatória? Nem por isso!
Nas últimas duas décadas, a palavra “sustentável” não faltou em nenhuma conferência nem discurso político. Foram feitas dissertações sobre a definição de “sustentável” e este termo foi usado em inúmeros contextos. Passou a ter uma conotação quase religiosa: “somos bons, se somos sustentáveis”.
Contudo, actualmente, apareceu uma nova estrela no horizonte: “SMART”.
Na Web, encontram-se diversificadas tentativas de definição do termo tais como: “Smart é um adjectivo inglês, que, em português, significa esperto ou inteligente”.
É um termo que está relacionado com tecnologias avançadas e está associado a uma procura de soluções inteligentes.
No entanto, a palavra SMART é cada vez mais utilizada como adjectivo para Cidades, Redes e Processos.
Então, quem é inteligente, a pessoa ou a cidade?
Bem, a cidade para ser inteligentemente gerida necessita de transmitir informações e partilhá-las com as pessoas.
Neste contexto, um exemplo significativo da transmissão de dados, pode ser a instalação de sensores; mas a questão é até onde ir? Até no caixote de lixo, que nos avisa se está cheio ou não (sem necessidade de levantarmos a tampa).... A cidade mais “SMART” parece ser a que tem mais (milhões) de sensores...
Aí, pode-se encontrar, desde logo, uma das vantagens do “evoluir” de “sustentável” para “SMART”; enquanto o léxico sustentável não é uma expressão apelativa nem ‘sexy’ e não se presta, à priori, para promover venda de equipamentos, o termo SMART torna-se, justamente, num conceito interessante de venda de sensores e tecnologias.
De facto, muitas das soluções oferecidas para cidades inteligentes são baseadas nas TIC – Tecnologias de Informação e Comunicação ou nos ITS – Sistemas Inteligentes de Transportes! Assim, sem usar nada muito revolucionário ou novo, o termo ‘SMART’ tornou-se numa nova ‘embalagem’ ou rótulo para ‘vender’ o mesmo!
Provavelmente precisamos mais: O relatório do Parlamento Europeu “Mapping Smart Cities in the EU”refere “uma Cidade Inteligente é uma comunidade que pretende resolver problemas públicos através de soluções de TIC, com base em parcerias multi-stakeholder, de âmbito municipal”; ou seja, o que deve ser inteligente é a governação!
Robert Stussi é consultor de mobilidade