O Governo mudou. Confirmado o nome de António Costa como primeiro-ministro de Portugal, alteram-se, naturalmente, as orientações políticas em relação aos anteriores Governos PSD/CDS-PP, nomeadamente (ou especialmente) no setor dos transportes.
As primeiras mudanças surgiram, desde logo, na definição da orgânica dos ministérios, com uma nova união entre Transportes e Ambiente. O novo ministro, José Matos Fernandes, recentemente assegurou que “tem de haver um padrão diferente de mobilidade nas cidades”.
Perante o quadro institucional, o casamento entre Ambiente e Transportes Públicos parece uma escolha acertada, afirmando uma preocupação de sustentabilidade na área da mobilidade. A mudança traz, sobretudo, uma mudança de paradigma já que no passado, o transporte esteve sempre associado às Obras Públicas, que, por muito que tenham um carácter simbólico, transmitia a ideia de que resolver os problemas do sector passava por investir em obras pública. Assim esta junção ao Ambiente aponta outro caminho, com uma maior atenção à gestão dos sistemas de transportes.
Esta alteração pode, nesse sentido, vir a induzir as cidades e o próprio país a procurar soluções mais inteligentes, novas formas de gestão de sistemas de transporte, uma maior aposta nos modos suaves. Na teoria tudo bem, espera-se agora que venha a ter um impacto prático na vida da população.
Miguel Pimentel é consultor de mobilidade, Eng. Civil, Mestre em Planeamento de Transportes e Doutorando em Planeamento e Ordenamento do Território na FEUP (CITTA-Centro de Investigação do Território, Transportes e Ambiente).