A abertura de hotéis em Lisboa indicia a perceção da cidade como destino turístico com perspetivas de crescimento. E se o investimento por parte de novos players poderia indiciar o aproveitamento de um período de entusiasmo, o investimento dos principais grupos nacionais (ex. Pestana, Porto Bay, Vila Galé, Sana ou Hoti) permitem concluir dos fundamentos existentes face às perspetivas do mercado. Ainda a este nível acresce o interesse dos principais grupos globais para entrar ou reforçar a sua posição (ex. Starwood, Intercontinental Hotel Group, Marriott, Accor ou Hyatt).
É assim necessário reforçar as condições da cidade para manter os ritmos de crescimento. Destacam-se os temas da acessibilidade aérea, limpeza do espaço urbano, segurança, diversificação de visitor attractions, promoção eficaz, reabilitação urbana, desconcentração da distribuição da procura por várias zonas da cidade/região ou manutenção da atratividade da cidade para a realização de eventos.
Criadas as condições não existe razão para que a procura não aumente a um ritmo superior à oferta. Será difícil manter taxas de crescimento da procura superiores a 10% num horizonte temporal alargado, mas a verdade é que o número de dormidas na hotelaria de Lisboa em 2014 foi “apenas” 38% superior à registada em 2007 (pré-crise). Ou seja, não se verifica neste período uma explosão da procura decorrente da sua duplicação, por exemplo.
Importa também referir o crescimento do mercado corporate – altamente penalizado no período de crise económica – ao nível de viagens de negócios de individuais, encontros de empresas ou congressos e feiras que virão acrescentar à cidade uma procura menos dinâmica nos últimos anos.
Eduardo Abreu é gestor de Planeamento em Turismo e sócio da Neoturis.