Desapareceu entre nós uma das figuras cimeiras da arquitetura no plano internacional. Natural de Badgad, cresceu no seio de uma família com abertura para o multiculturalismo ocidental. Antes de mergulhar nos estudos de arquitetura que viria a ditar a sua vida profissional, ingressou na Universidade Americana de Beirute onde estudou matemática.
Residente em Londres, onde deu os primeiros passos na carreira como colaboradora do conceituado OMA com Rem Koolhaas e E. Zenghelis, antes de abrir o seu atelier em 1979. A partir daí iniciou um percurso autónomo numa trajetória singular, nem sempre fácil de concretizar as suas ideias, sabendo que iam demorar anos a tomar forma.
Só a elevada energia que a caracterizava é que conseguiu realizar projetos até à presente data. Em meados da primeira década de 2000, Zaha ganhava quase todos os meses um concurso internacional.
Teve uma grande visibilidade pelo facto de ter sido a primeira mulher e muçulmana a vencer o prémio Pritzker. O seu trabalho distingue-se sobretudo pela vontade que incutiu na obra em dar movimento ao espaço arquitetónico e em dinamizar os volumes, de um certo radicalismo formal, levando a romper com a normatividade do ângulo reto, não deixando de se relacionar com a paisagem envolvente.
Explorou criativamente a conceção espacial num espaço de tensões adequados à vida contemporânea. Ficou conhecida no meio como a rainha das curvas por ser uma marca constante, projetando o seu nome para além da disciplina da arquitetura.
Manuela Synek é historiadora e crítica de arte. A autora escreve, por opção, ao abrigo do novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.