Um quarto do planeta vive já com escassez de água, pelo menos durante metade do ano. Por isso, não é de espantar que o Fórum Económico Mundial considere a crise da água como o maior risco global em termos de impactos potenciais ao longo da próxima década.
A produção de energia é um importante consumidor de água. A nível mundial, a agricultura consome cerca de 78% de toda água, a produção de energia cerca de 16% e o consumo doméstico apenas 3%, o mesmo que a produção industrial (Mekonnen et al, 2015).
Todavia, a percentagem relativa à produção energética deverá aumentar significativamente até ao fim deste século, em cerca de 85%, por força do aumento da população mundial (dos atuais 7,4 mil milhões para um valor entre 9,6 e 12,3 mil milhões), do aumento do acesso das populações às redes de energia e da necessidade de substituir a dependência dos recursos fósseis.
Na sequência dos acordos da 21ª Conferência do Clima (Paris, 2015), a pegada de carbono da energia deve passar a ter uma maior influência na tomada de decisões no setor.
Na verdade, verificam-se diferenças consideráveis nas emissões de gases de efeito estufa no ciclo de vida de diferentes tecnologias de geração de energia elétrica, com valores médios de apenas 4 g CO2eq./kWh para a energia hídrica, 10 g CO2eq./kWh para a eólica, 30 g CO2eq./kWh para o solar fotovoltaico e 400 g CO2eq./kWh para o gás natural, embora possam existir variações regionais e tecnológicas significativas nos valores indicados (G. Bilotta, 2016).
Armando Silva Afonso é professor da Universidade de Aveiro e fundador e atual presidente da direção da ANQIP (Associação Nacional para a Qualidade nas Instalações Prediais).