Brasil é «país em construção» de portas abertas aos portugueses

Entrevista ao presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil, Haroldo Pinheiro Villar de Queiroz

15.01.2014

O Brasil é um país em construção com as portas abertas aos arquitectos portugueses. Agora que o reconhecimento profissional recíproco já uma realidade - graças a um acordo histórico entre a Ordem dos Arquitectos e o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR) - resta aos interessados apostar em parceiras locais para conquistar mercado. A sugestão é deixada pelo presidente do CAU/BR, Haroldo Pinheiro Villar de Queiroz, em entrevista a Jornal Arquitecturas.

 

A melhor forma de entrar no mercado brasileiro da arquitectura é estabelecendo parcerias com os gabinetes locais. Quem o garante é o presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil, Haroldo Pinheiro Villar de Queiroz, que esteve de visita a Portugal em Janeiro para assistir à tomada de posse dos novos órgãos sociais da Ordem dos Arquitectos portugueses.

 

Haroldo Pinheiro aconselha os arquitectos a registarem-se, desde logo, no CAU/BR, tal como prevê o acordo bilateral estabelecido entre Portugal e Brasil, que permite desde Janeiro que os arquitectos portugueses sejam reconhecidos naquele país e que os profissionais brasileiros possam igualmente registar-se em Portugal.

 

«Depois é necessário que se aproximem de escritórios brasileiros, tanto de arquitectura, como de construção. No Brasil os arquitectos também constroem muito», ilustra. Haroldo Pinheiro revela que no Brasil quem projecta está próximo de quem executa. «É fundamental para a formação do arquitecto, para quem quer planear, conhecer as dificuldades da execução. No Brasil temos incentivado os arquitectos a ocupar esse espaço na construção de edificações juntamente com engenheiros, geógrafos e profissionais de outras áreas relacionadas com a arquitectura e urbanismo», ilustra.

 

Haroldo Pinheiro revela ainda que o sector privado no Brasil tem impulsionado muitas iniciativas a par das três esferas de governo: federal, estadual e municipal.

 

O Brasil, realça Haroldo Pinheiro, é um país jovem em comparação com Portugal e com outros países da Europa. «É um país em construção. O diálogo internacional, a troca de conhecimento, a aproximação cultural e o envolvimento tecnológico interessa-nos. É preciso que tudo seja realizado de um modo disciplinado, respeitoso e com base na reciprocidade e no tratamento igualitário entre os profissionais do Brasil e os arquitectos portugueses», sublinha.

 

Ao contrário do que acontece em Portugal, onde se está a apostar na reabilitação, no Brasil a maior parte das obras corresponde a construção nova. «As obras de recuperação e de manutenção, que acontecem muito na Europa, acontecem no Brasil numa proporção muito menor», revela. O Brasil tem hospitais, escolas e universidades para construir, continua o representante dos arquitectos. «É um país muito grande e com muita população e onde há muito que fazer».

 

O presidente do Conselho lembra que as oportunidades não se esgotam no Brasil mas alargam-se a todos os países lusófonos. «O mundo lusófono é bastante amplo e também está em construção. A língua aproxima-nos e facilita o trabalho».

 

Haroldo Pinheiro está convicto de que o acordo de reciprocidade firmado entre Portugal e o Brasil perdurará além da crise. «Acredito que este acordo que realizámos é bastante equilibrado, duradouro e ficará para além dos momentos económicos ou sociais que os países vivam. Acredito que poderemos aprofundá-lo mais ainda».

 

O responsável considera que desde que as premissas sejam cumpridas o Brasil está de  portas abertas aos profissionais portugueses. «Outros passos se seguirão. Haverá um aprofundamento maior do acordo e até, quem sabe, uma integração plena entre os nossos dois países no campo da arquitectura e urbanismo», afirmou.

 

O arquitecto, formado há 35 anos, está convicto de que a troca de experiências beneficiará os dois países empatados em prémios Pritzker: Portugal dois - Brasil dois. «Temos também uma presença significativa no teatro da arquitectura mundial», remata.

 

Redacção Jornal Arquitecturas

TAGS: Arquitectura , Brasil , presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil , Haroldo Pinheiro Villar de Queiroz
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